Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas
Entenda os conceitos e as referências sobre o assunto
As medicinas tradicionais, complementares e integrativas (MTCI) são práticas de saúde baseadas em teorias e experiências de diferentes culturas, visando a promoção, prevenção e recuperação da saúde do ser integral. São importantes em muitos países, podendo ser a principal oferta de serviços de saúde ou complementar ao sistema convencional. Na América, a integração das MTCI nos sistemas de saúde ocorre de diversas formas, incluindo iniciativas governamentais, atuação de entidades reguladoras e legislação específica em países como Argentina, Bolívia, Brasil, Equador e Peru.
A medicina tradicional possui uma longa história e tradição, sendo a reunião de conhecimentos, habilidades e práticas provenientes de diversas culturas, baseadas em teorias, crenças e experiências. Esses métodos são utilizados para promover a saúde, prevenir, diagnosticar, melhorar e tratar doenças físicas e mentais, conforme definido pela OMS.
Os termos "medicina complementar" e "medicina alternativa" englobam diversas práticas de saúde que não pertencem à medicina tradicional de um país e não estão totalmente integradas ao sistema de saúde vigente. Em alguns lugares, esses termos são utilizados de forma intercambiável para se referir à medicina tradicional, conforme a OMS.
A unidade técnica de Medicina Tradicional e Complementar da OMS incluiu, em meados de 2017, o termo "Medicina Integrativa" para abordagens integrativas de MTCI e medicina convencional em políticas, conhecimentos e práticas. Atualmente, um projeto está em andamento para definir e compreender melhor essa integração, assim como a medicina integrativa, e fornecer orientação aos Estados Membros sobre critérios e elementos das melhores práticas para integrar as MTCI nos sistemas de saúde nacionais.
Os cuidados de saúde integrativos combinam abordagens convencionais e complementares de forma coordenada, enfatizando uma abordagem holística e centrada no paciente para cuidados de saúde e bem-estar, incluindo aspectos mentais, emocionais, funcionais, espirituais, sociais e comunitários. Eles tratam a pessoa como um todo, não apenas sua condição/doença isolada.
A Organização Panamericana de Saúde destaca os seguintes fatos, em relação às MTCI
As medicinas tradicionais complementares e integrativas constituem um importante modelo de cuidado à saúde ao considerar o indivíduo em sua integralidade, singularidade e complexidade, levando em conta sua inserção sociocultural com ênfase na relação profissional/usuário, o que contribui para a humanização da atenção.
Cada país possui uma variedade própria de práticas reconhecidas e institucionalizadas ou consideram uma determinada prática de maneira distinta em relação a outro país, levando em conta sua inserção sociocultural e suas particularidades.
As MTCI promovem uma visão ampliada do processo saúde/doença e da promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado; atuam igualmente para o empoderamento dos sujeitos, favorecendo a percepção dos processos de adoecimento. Desta forma, possibilita o uso racional das ações e serviços de saúde, com impacto nos custos do sistema de saúde.
O Brasil é referência mundial no campo das MTCI no que diz respeito à inserção destas práticas no sistema público de saúde.
As MTCI no Brasil e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC
O Brasil tem participado do movimento global das MTCI, incorporando essas práticas como política pública através do Sistema Único de Saúde, a partir de 2006, para assistência, promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos.
O Brasil optou pela denominação de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). A PNPIC representou um marco para o reconhecimento oficial das MTCI no Brasil, embora ainda com diversas fragilidades e lacunas.
Atualmente, são 29 práticas reconhecidas no Brasil, dentre elas a Medicina Chinesa, a Medicina Antroposófica, a Fitoterapia Clínica e o Yoga.
Objetivos Nacionais do Ministério da Saúde em relação à PNPIC
• Incorporar e implementar a PNPIC no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde;
• Contribuir para o aumento da resolubilidade do sistema e ampliação do acesso à PNPIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso;
• Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades;
• Estimular as ações referentes ao controle/participação social, promovendo o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e trabalhadores nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de saúde.
Diretrizes atuais da PNPIC:
Estruturação e fortalecimento da atenção em PIC no SUS, mediante:
Incentivo à inserção da PNPIC em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica.
Desenvolvimento da PNPIC em caráter multiprofissional, para as categorias profissionais presentes no SUS, e em consonância com o nível de atenção.
Implantação e implementação de ações e fortalecimento de iniciativas existentes.
Estabelecimento de mecanismos de financiamento.
Elaboração de normas técnicas e operacionais para a implantação e o desenvolvimento dessas abordagens no SUS.
Articulação com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e demais políticas do Ministério da Saúde.
Desenvolvimento de estratégias de qualificação em PIC para profissionais no SUS, em conformidade com os princípios e diretrizes estabelecidos para a educação permanente.
Divulgação e informação dos conhecimentos básicos da PIC para profissionais de Saúde, gestores e usuários do SUS, considerando as metodologias participativas e o saber popular e tradicional.
Apoio técnico ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais para atuação na área de informação, comunicação e educação popular em PIC que atuem na Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde.
Elaboração de materiais de divulgação, como cartazes, cartilhas, folhetos e vídeos, visando à promoção de ações de informação e divulgação da PIC, respeitando as especificidades regionais e culturais do País, direcionadas aos trabalhadores, gestores, conselheiros de saúde, bem como aos docentes e discentes da área de Saúde e comunidade em geral.
Inclusão da PNPIC na agenda de atividades da comunicação social do SUS.
Apoio e fortalecimento de ações inovadoras de informação e divulgação sobre PNPIC em diferentes linguagens culturais, tais como jogral, hip-hop, teatro, canções, literatura de cordel e outras formas de manifestação.
Identificação, articulação e apoio a experiências de educação popular, informação e comunicação em PIC.
Estímulo às ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações.
Fortalecimento da participação social.
Provimento do acesso a medicamentos homeopáticos e fitoterápicos na perspectiva da ampliação da produção pública, assegurando as especificidades da assistência farmacêutica nesses âmbitos na regulamentação sanitária.
Elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional de Fitoterápicos.
Promoção do uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no SUS. 30Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
Cumprimento dos critérios de qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso.
Cumprimento das boas práticas de manipulação, de acordo com a legislação vigente.
Garantia do acesso aos demais insumos estratégicos da PNPIC, com qualidade e segurança das ações.
Incentivo à pesquisa em PIC com vistas ao aprimoramento da atenção à saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança dos cuidados prestados.
Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação da PIC, para instrumentalização de processos de gestão.
Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências da PIC nos campos da atenção, da educação permanente e da pesquisa em saúde.
Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando ao conhecimento e à troca de informações decorrentes das experiências no campo da atenção à saúde, formação, educação permanente e pesquisa com unidades federativas e países onde a PNPIC esteja integrada ao serviço público de saúde.
Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
Práticas de Saúde Tradicionais, Complementares e Ampliadas
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